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POR QUÊ: ANATOMIA DE UM BAIRRO

Aracaju Parque Shopping: Mais ou más mudanças no Industrial?

 

Grandes construções em locais caracterizados por sua simplicidade e tranquilidade sempre tendem a gerar discursões quanto aos benefícios e malefícios gerados a partir delas. Atualmente, o bairro Industrial, localizado na zona leste da capital sergipana, pode ser tomado como exemplo destes prós e contras que um investimento de grande porte pode causar na estrutura de um bairro. Isso se dá devido a atual construção de um shopping center, o “Aracaju Parque Shopping”, num local que era tido como patrimônio histórico do bairro, a Fábrica de Tecidos Sergipe Industrial.

 

A implantação do shopping irá mudar boa parte da estrutura do bairro e este é o principal ponto de discussão dos moradores da Rua São Luís, localizada ao lado da construção.O empreendimento pretende gerar cerca de três mil empregos diretos e outros  mil na fase da construção, o que pode beneficiar a população do bairro. Além disso, o projeto pretende preservar e revitalizar a igreja São João Batista, que existe desde os tempos da Fábrica. As obras do “Aracaju Parque Shopping” tiveram início em setembro de 2014 e a previsão é que seja entregue até março de 2016. Com um investimento estimado em R$ 200 milhões, a obra é uma parceria do Grupo Nortista, que tem a frente os empresários Marcos Franco e Osvaldo Franco, do Governo do Estado e do Banco doNordeste (BNB).

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A moradora mais antiga da Rua São Luís, dona Francisca Ferreira, de 80 anos, trabalhou durante 30 anos na fábrica que foi demolida para a construção do shopping. Dona Francisca trabalhava com panos para a confecção de sacos de açúcar. A moradora lembra do espaço de lazer oferecido para os moradores do local, ao lado da fábrica. "A rua era igual, só não tinha o muro, era um campo que a gente jogava vôlei, basquete. Vinham as moças de fora cantar, tinha cinema, nas festas de São João, parava a fábrica e davam cafezinho, era bacana", lembra a moradora. Francisca Ferreira acredita que o ambiente irá melhorar com a chegada do shopping, e que a preservação da igreja é importante "deve deixar porque é patrimônio", acrescenta dona Francisca.

 

Solange Vieira de Souza mora na casa 8 da rua São Luís há 36 anos, também trabalhou na fábrica, mas como ainda não se aposentou, foi transferida para uma fábrica do mesmo dono, a Nortista. Solange não está tão confortável com a chegada do shopping. "A civilização pra quem gosta é bom, para mim eu não gosto muito não, porque aqui vai mudar muito, aqui tem sossego, nossas crianças podem brincar ai na porta, agora eu sei que não vai ser mais assim". Solange também lembra do campinho que era o lazer da comunidade, e ainda se lembra da maré que ficava em frente as casas, e que desapareceu com a construção da Orlinha. Apesar de ser evangélica, Solange não acha que a igreja deva sair de seu local "porque muita gente casou ali, minha irmã casou, ela tem que ficar muito linda e arrumada no meio", falou a moradora.

 

 

 

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