ANATOMIA DE UM BAIRRO

Na década de 70 houve um crescimento acelerado da população aracajuana, ocasionando um grande deficit habitacional. A prefeitura, na busca de solução, contratou o escritório do arquiteto Jaime Lerner, para elaborar o projeto de um bairro nobre e afastado aterrando o manguezal entre o rio Sergipe e o Oceano Atlântico.  

 

O bairro teve um pensamento de exclusão já em seu planejamento , pois seu projeto só previa famílias com renda superior a seis salários mínimos. A intenção da prefeitura, era construir o primeiro shopping center da cidade  e em seu entorno edifícios e residências de alto padrão.  Mas, àquela época, já havia ocupação ilegal na área, com pessoas que tiravam seu sustento da pesca, na Maré do Apicum.

 

 Antes de todas as construções de expansão da capital, foi construída sobre o Rio Poxim, a ponte Godofredo Diniz (ponte da Coroa do Meio), uma importante ligação entre a região central e a parte costeira da capital. O nome foi escolhido em homenagem ao ex-prefeito de Aracaju no período de 1935-1941 e 1963-1967.

 

Também foi construído o Shopping Riomar (primeiro shopping da cidade), inaugurado em 1989, uma grande casa de espetáculos e o quebra mar localizado ao longo da faixa costeira.

 

Segundo TOKATJIAN, o projeto previa uma área totalmente auto-suficiente, ele possuíria uma estrutura que daria prioridade ao transporte, a infraestrutura, equipamentos, serviços e moradia de maior densidade (residências multifamiliares) e a população proposta para a compra dos lotes ou apartamentos deveria receber entre seis e oito salários mínimos.

 

Porém, com as frequentes invasões do mar sobre o bairro, a população de alta renda não se sentiu segura em adquirir os lotes ou edificações à venda. Esse processo impossibilitou a construção da quarta e última etapa, sendo o espaço ocupado por pescadores, ampliando as ocupações irregulares, já existentes. Assim, o bairro passa a ser dividido em subáreas, onde as desigualdades sociais tornam-se claras.